INDIGNAÇÃO
Varejistas estão preocupados com possível cobrança de estacionamento para caminhões na CeasaMinas
Ceasa defende que a medida tem como objetivo organizar o trânsito ao redor do Mercado Livre do Produtor (MLP)
O projeto-piloto das Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (CeasaMinas), que tem como objetivo a cobrança de cerca de R$ 1.800 mensais para o carregamento de caminhões no local, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, despertou indignação entre varejistas.
A mudança, segundo eles, foi idealizada em uma reunião com poucos participantes, sem ouvir todos os lados, e pode gerar prejuízos em cadeia. Representante da categoria e proprietário de uma rede de hortifrutis presente na capital mineira e na região metropolitana, Weliton Sandro – conhecido como Sapão – afirma que, além das perdas para os varejistas, os lojistas da CeasaMinas também serão prejudicados, já que dependem das vendas para eles.
“Somos uma categoria essencial para o funcionamento da Ceasa. Isso pode ser muito prejudicial para todos. O movimento que tem lá é graças aos donos de sacolão, e não temos nada que nos beneficie nesse sentido”, diz ele.
No último dia 10 de dezembro, a CeasaMinas emitiu comunicado afirmando que a medida tem como objetivo organizar o trânsito ao redor do Mercado Livre do Produtor (MLP) e melhorar a condição do comprador. O projeto, conforme o empreendimento, prevê acesso controlado a 61 vagas de estacionamento mediante pagamento. A previsão é de implementação no próximo dia 6 de janeiro.
A justificativa da Ceasa é que as vagas ocupam um “pequeno trecho de apenas uma das seis faixas de estacionamento ao redor do MLP”. A pintura das vagas já foi reforçada e já receberam numeração. As demais continuam disponíveis gratuitamente.
Para Weliton Sandro, porém, o projeto não deve parar nas 61 vagas. A preocupação é que, ‘dando certo’ para a Ceasa, isso se expanda para todos os caminhões. Além disso, conforme o representante da categoria e proprietário de rede de hortifrutis, os critérios para as possíveis escolhas de quem pagará ou não pelas vagas não estão claros.
“É um projeto-piloto, então pode acontecer de depois cobrarem de todos. Não há critérios claros, e a maioria dos lojistas da Ceasa estão sensibilizados com a nossa causa. Eles entendem que nós somos a atividade principal”, ressalta.
A situação, conforme Weliton Sandro, torna ainda mais desafiador o cenário que a categoria enfrenta na CeasaMinas que, segundo ele, não dá boas condições para aqueles que fazem o carregamento dos caminhões.
“A mobilidade na Ceasa é péssima, a malha asfáltica é ruim, faltam placas de sinalização. A instalação sanitária é precária, a iluminação não é boa. São vários os pontos que não colaboram com a nossa atividade. No entanto, em vez de a Ceasa se preocupar com melhorias, está é procurando criar mais custos”, destaca.
A reportagem entrou em contato com a CeasaMinas pedindo um posicionamento sobre os questionamentos dos varejistas e aguarda retorno.
Mudança de presidente
No último dia 18 de dezembro, Hideraldo Henrique Silva, prefeito de Boa Esperança, no Sul de Minas, tomou posse da CeasaMinas. Conforme o empreendimento, “um dos principais compromissos do novo presidente é fortalecer a gestão, modernizar as operações e ampliar o papel estratégico da instituição no abastecimento alimentar de Minas Gerais e do Brasil”.
“Vamos fazer uma gestão compartilhada com todos os atores que participam do dia a dia da instituição. Serão implementadas ações que contribuam para o desenvolvimento socioeconômico regional e para o fortalecimento da segurança alimentar, com inovação, estratégia e trabalho em grupo”, disse ele, conforme divulgação da CeasaMinas.