EXECUTIVO

Com Fuad licenciado, Damião diz que está fazendo ‘apenas o que o prefeito faria’

Questionado sobre a eleição na Câmara, o prefeito em exercício diz que a situação ficou no passado

Com Fuad licenciado, Damião diz que está fazendo ‘apenas o que o prefeito faria’
Publicado em 08/01/2025 às 7:09

O prefeito em exercício de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União Brasil), afirmou nesta segunda-feira (7 de janeiro) que, enquanto estiver à frente do governo municipal, fará o mesmo que o chefe do Executivo licenciado, Fuad Noman (PSD), faria se estivesse no cargo. Sobre a Câmara Municipal da capital mineira, Damião disse considerar que a eleição para o comando do Legislativo já está “no passado”.

Damião concedeu entrevista exclusiva ao deixar o Centro de Operações da Prefeitura (COP), onde é realizado monitoramento das chuvas na cidade. O prefeito em exercício participou de reunião sobre problemas que podem ser causados pelas tempestades na capital. Ele assumiu a prefeitura no sábado (4), após a licença médica do prefeito, que está internado na UTI para tratar uma pneumonia. “O que estou fazendo é apenas o que o prefeito faria se estivesse no cargo. Não mais que isso”, afirmou.

O prefeito interino pediu orações para Fuad e elogiou a equipe do chefe do Executivo. “A gente tá dando sequência ao trabalho do prefeito junto com a equipe competente da prefeitura”, disse. 

Na última segunda-feira (6), Damião se reuniu com os assessores mais próximos de Fuad, grupo que, conforme interlocutores com trânsito na prefeitura, estariam fazendo uma “blindagem” da gestão de Fuad. Os assessores são o secretário-geral da prefeitura, Jorge Luiz Schmitt Prym; o procurador-geral do município, Hércules Guerra; o secretário de Relações Institucionais, Paulo Lamac; e o chefe de gabinete, Daniel Messias.

Legislativo

Em relação à Câmara, Damião – que foi vereador nas duas últimas legislaturas – argumentou que sempre tenta criar pontes com a Casa. O chefe do Legislativo municipal, Juliano Lopes (Podemos), e o prefeito em exercício entraram em confronto durante as articulações para a eleição da presidência da Câmara, vencida por Lopes em 1° de janeiro.

Na semana final de dezembro, Damião – então secretário municipal de governo e vice-prefeito eleito – trabalhou pela vitória do líder do governo na Câmara, Bruno Miranda (PDT). Lopes, após vencer a eleição, no dia 1º, chamou Damião de “pateta”. “Sempre tentamos essas pontes. A gente é da construção e é para isso que estamos aqui”, disse o prefeito em exercício.

Álvaro Damião também comentou as declarações do vereador Juliano Lopes, que o apontou como responsável por tentar virar votos em prol de Miranda na disputa pela presidência da Câmara. Segundo ele, a articulação foi do próprio parlamentar do PDT. “Foi um trabalho que o Bruno Miranda fez. A gente estava ao lado dele. Mas não foi um trabalho para virar voto. E é uma eleição que para mim está ultrapassada, já é passado. E a gente tem que pensar no crescimento da cidade”, concluiu.

Troca de acenos dá indícios de trégua

Uma suposta troca de acenos entre a Prefeitura de Belo Horizonte e a Câmara Municipal, registrada nesta segunda-feira, apontou para a possibilidade de trégua entre o prefeito em exercício, Álvaro Damião (União), e o presidente do Legislativo municipal, Juliano Lopes (Podemos).

Um “sinal de paz” pode ter sido emitido pela Câmara, e retribuído pela prefeitura. Lopes reconduziu Danny Eduardo Stochiero Soares ao cargo de assessor especialista em segurança e inteligência da Casa. Conforme três fontes ouvidas pela reportagem, o cargo foi ocupado por ele entre 2021 e 2024 por indicação de Damião, quando ele ainda era vereador.

À reportagem, o prefeito em exercício afirmou não se tratar de indicação sua, mas de outro vereador, cujo nome não informou. A nomeação de Soares foi publicada no Diário Oficial do Município (DOM). 

O prefeito em exercício, ao menos aparentemente, também fez um gesto a Lopes. O DOM desta segunda-feira registrou a sanção de Damião a um projeto de lei que pode não ter tanta relevância, mas é assinado por dois vereadores que votaram em Lopes, portanto, pertencentes ao grupo do presidente da Câmara no momento. O texto, que tem Cláudio do Mundo Novo (PL) e Wagner Ferreira (PV) como autores, dá nome a uma rua no bairro São João Batista. Ferreira era vice-líder do governo Fuad, mas votou em Lopes para a presidência da Câmara.

Ainda que considerado de menor proporção por interlocutores, a ação pode ter um significado maior por estar entre os primeiros atos assinados por Damião como chefe do Poder Executivo interino.