FIM DO ARRASTO
Concessão da 381 encerra 35 anos de vai-e-vem entre Minas e Brasília para duplicação da estrada
Início das discussões sobre a obra ocorreu em 1990, quando o trecho já era conhecido como "Rodovia da Morte"
A assinatura do contrato de concessão do trecho da BR-381 entre Belo Horizonte e Governador Valadares nesta quarta-feira (22 janeiro) encerra 35 anos de discussões sobre uma obra viária considerada por presidentes da República e governadores de Minas Gerais durante todo esse período como a mais importante em Minas Gerais.
A obra previa a duplicação de 303 quilômetros entre as duas cidades, trecho conhecido como “Rodovia da Morte” pelo elevado número de acidentes. As primeiras discussões para a duplicação ocorreram em 1990, entre o então governador de Minas Gerais, Newton Cardoso (MDB), e o presidente Fernando Collor de Mello (PRD).
Oito anos depois, um acordo entre dois tucanos, o à época governador de Minas, Eduardo Azeredo, e o presidente Fernando Henrique Cardoso, transferia o trecho para o governo de Minas, que ficaria responsável pela duplicação. Em 1999, Itamar Franco, recém eleito governador do estado, devolveu a estrada para o governo federal, que seguia comandado por Fernando Henrique, reeleito.
As discussões sobre a duplicação entraram numa espécie de congelamento, e foram retomadas durante o segundo mandato de Lula, em 2009, que colocou a obra no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Minas Gerais tinha como governador naquele ano Aécio Neves (PSDB).
As primeiras ordens de serviço para a duplicação, porém, saíram somente em 2014, durante o mandato de Dilma Rousseff (PT) como presidente. Minas Gerais tinha Antonio Anastasia (PSDB) como governador. O trecho foi dividido em 11 lotes, que foram licitados.
As obras começaram mas foram paralisadas ao longo do tempo, sob a justificativa das empresas vencedoras das licitações de que os contratos deveriam ter valores reajustados. Alguns trechos da rodovia, como o que fica entre Belo Horizonte e Caeté, sequer chegaram a ter empresas interessadas no contrato, por prever investimentos elevados.
Desistência
Nove anos depois, já durante o atual mandato do presidente Lula, o governo federal desistiu de fazer licitações para empresas tocarem a obra e decidiu conceder a rodovia. Após o fracasso de leilões, o governo federal, em 2024, mudou o modelo do contrato, retirando o trecho próximo a Belo Horizonte que, conforme a União, vinha afastando possíveis investidores.
O trecho, de aproximadamente 50 quilômetros, prevê desapropriações e obras em pontos sinuosos da rodovia, o que aumenta os investimentos para a duplicação. Ficou decidido que o governo assumirá esses gastos e, em seguida, entregaria o trecho para exploração da empresa vencedora da licitação para toda a estrada entre Belo Horizonte e Valadares.
Após a decisão, um novo leilão, realizado em agosto do ano passado, teve como vencedor o grupo 4 UM Investimentos, que ficará responsável pelas obras, excluídas as do trecho próximo a Belo Horizonte.
Durante anúncio de recursos para Minas Gerais em fevereiro do ano passado, ao falar sobre a duplicação da estrada, o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB) disse que o presidente Lula estava disposto a colocar o Exército, se fosse necessário, para tocar as obras no trecho perto da capital.