AVALIAÇÃO

Arraial de Belo Horizonte: quadrilheiros aprovam Mineirinho como sede, mas pedem melhorias

Espaço, segurança e conforto receberam elogios, enquanto acesso das alegorias e sonorização foram criticados

Arraial de Belo Horizonte: quadrilheiros aprovam Mineirinho como sede, mas pedem melhorias
Publicado em 24/07/2024 às 7:40

Após o primeiro fim de semana sediando o Arraial de Belo Horizonte, o Mineirinho recebeu avaliações positivas de membros das quadrilhas da capital mineira. Pela primeira vez em 45 edições, o ginásio na região da Pampulha recebeu o evento em 2024 e, no geral, causou boa impressão nos quadrilheiros, que também sugeriram melhorias a serem realizadas. 

Um dos elogios foi ao espaço, que dançarinos e dirtetores de quadrilhas consideram maior do que na Praça da Estação, local que tradicionalmente sedia o Arraial. A acessibilidade e a infraestrutura também foram bem vistas.

“O Mineirinho é uma arena pronta, então a gente pôde levar muito mais pessoas na nossa torcida. Virou um evento ainda maior do que já era. Segurança excelente, banheiros confortáveis e camarins preparados”, comenta o jornalista e diretor da quadrilha Nova Geração, Gleidson Alvarenga Ribeiro.  

Dançarino da quadrilha Explosão Junina, o nutricionista Victor Luiz, de 26 anos, entende que o formato de arena do Mineirinho ajudou as quadrilhas a ficarem mais próximas do público. “A gente pôde sentir mais o calor da torcida, foi uma emoção maior, pois tínhamos um contato maior com o público, até pela questão da sonoridade. Foi legal dançar lá”, afirma. 

Acessibilidade e segurança foram vantagens que o caminhoneiro e torcedor da quadrilha Fogo de Palha Wesley Jorge da Silva, de 50 anos, identificou em relação à praça da Estação. Ele também gostou mais da infraestrutura do ginásio. “Para chegar lá foi tranquilo. Nos banheiros toda hora entrava alguém e limpava, enquanto na praça da Estação eram banheiros químicos. E no Mineirinho, fiquei à vontade para mexer no celular, na carteira”, enumera. 

Tem que melhorar 

Apesar da avaliação geral positiva, os quadrilheiros também citaram incômodos vividos nos dois dias de apresentação no Mineirinho. Um deles foi uma dificuldade de alimentação para quem estava nas arquibancadas do ginásio, assistindo às apresentações. 

“Dentro da área de público deveria ter alguns bares. Para comer, você tinha que sair do ginásio para ir à praça (Vila Gastronômica), e o percurso é muito grande. Muitas pessoas ficaram na arquibancada sem beber uma água nem comer alguma coisa. Podia ter bares pelo menos para as bebidas”, pontua o cabeleireiro Carlos Augusto da Cruz, diretor da quadrilha Pé Rachado.  

O quadrilheiro também ficou incomodado com a sonorização do Mineirinho, que – ele relata – atrapalhou para o público ouvir o que era dito e cantado na quadra, onde as quadrilhas se apresentavam. “A gente sabia que isso poderia acontecer. Como dançarino, ou a gente ouvia o marcador ou a gente ouvia a música. E algumas pessoas na arquibancada também relataram que o retorno estava ruim. Elas não ouviam o que tinha na pista de dança”, reclama. 

Alguns quadrilheiros também relataram dificuldades para levar as peças alegóricas e cenográficas para o local de apresentação, devido a uma limitação de espaço. “Tem um túnel de acesso ao tablado, e levamos alegorias de quatro metros, muito pesadas. Elas tiveram que passar no túnel todas fechadas e tivemos que carregar. E na volta, em que era uma subida, foi mais difícil ainda”, afirma o diretor da quadrilha Nova Geração, Gleidson Alvarenga Ribeiro. 

Apesar das reclamações, todos os quadrilheiros foram unânimes: para eles, o Mineirinho pode se tornar a casa definitiva do Arraial de Belo Horizonte. “Dou uma nota 9,5 em 10. Tiveram pontos negativos, mas eles não impediram que o Arraial fosse um espetáculo”, resume o diretor da quadrilha Pé Rachado, Carlos Augusto da Cruz 

O que diz a PBH 

A Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur), organizadora do Arraial, também comentou sobre o primeiro ano de Mineirinho como novo local para o evento. A avaliação inicial é positiva, mas a autarquia ainda quer aguardar para uma avaliação mais precisa e definitiva.  

“Tivemos mais de 30 mil pessoas passando pelo Mineirinho nos dois dias. Estamos muito satisfeitos com o que tivemos lá, estrutura para ver as quadrilhas, Vila Gastronômica. Preliminarmente, foi um sucesso, mas vamos aguardar até depois do outro fim de semana (em que também vai ter Arraial)”, avalia a diretora de eventos da Belotur, Nathalia Coelho. 

A gestora também afirma que, após o fim do Arraial, vai ouvir o retorno dos quadrilheiros para fazer os ajustes necessários. “Vamos entender o que ainda temos de ponto de melhora junto ao Movimento Junino. Ele é muito importante na definição destes processos”, declara.  

Sobre a possibilidade de transformar o Mineirinho em casa definitiva do Arraial de Belo Horizonte, a diretora da Belotur diz que há boas chances. “Pode ser que tenhamos uma situação sem volta, mas precisamos entender junto com o Movimento Junino e com a Prefeitura como vai ser essa programação para os próximos anos”, conclui.