ELEIÇÕES 2024

BH pode ter, pela primeira vez, dois candidatos de direita no 2º turno

Em outros pleitos, ao menos um candidato de centro ou de esquerda competiu contra outro de direita

BH pode ter, pela primeira vez, dois candidatos de direita no 2º turno
Publicado em 24/06/2024 às 10:07

Belo Horizonte corre o risco de ter um segundo turno entre dois candidatos de direita nas eleições pela prefeitura. Se isso se confirmar, será a primeira vez desde a redemocratização. Em outros pleitos, ao menos um candidato de centro ou de esquerda competiu contra outro de direita, quando houve segundo turno.

Ainda que o cenário esteja muito incerto, aberto e pulverizado, a quatro meses da eleição e a dois meses do início da campanha eleitoral, já há indicativos nas pesquisas de que, por enquanto, existe predileção do eleitorado pela direita.

No último levantamento do DATATEMPO, divulgado neste mês, em um cenário estimulado com 11 nomes, estão mais cotados a estar no segundo turno os pré-candidatos Mauro Tramonte (Republicanos) e Bruno Engler (PL). Isso, numericamente falando, sem considerar a margem de erro. Os resultados ampliam a hipótese de que dois candidatos da direita sejam escolhidos pelo eleitorado para disputar o segundo turno nas eleições.

Os dois, que têm, respectivamente, 22,8% e 10,1% das intenções de voto, pertencem ao campo da direita. Conta ainda o fato de, na pesquisa, 41,1% do eleitorado ter indicado voto em candidatos da direita, e apenas 15,6% ter indicado voto em candidatos da esquerda. Pré-candidatos de centro tiveram 20,1% das intenções.

Além de Tramonte e Engler, estão posicionados na pesquisa, na seguinte sequência, Fuad Noman, do PSD (9,4%); João Leite, do PSDB (9%); Duda Salabert, do PDT (7,7%); Carlos Viana, do Podemos (6,8%); e Rogério Correia, do PT (6,2%). Contudo, considerando a margem de erro, de 2,83 pontos percentuais, todos citados, com exceção de Tramonte, estão tecnicamente empatados com Engler.

O registro da pesquisa no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG) é MG-06115/2024.

Histórico. O cenário mais próximo a dois candidatos de direita se enfrentando pela Prefeitura de Belo Horizonte ocorreu em 2016, quando Alexandre Kalil, filiado ao antigo PHS, chegou ao segundo turno contra João Leite (PSDB). À época, apesar de ser um candidato de centro, Kalil se apresentava como “outsider” e focou sua imagem como um homem que não pertencia à política.

O fenômeno, também repetido por nomes como João Doria (PSDB), em São Paulo, e Romeu Zema (Novo), em Minas, era mais identificado como de direita. Em 2020, Kalil se reelegeu no primeiro turno pelo atual partido, o PSD, já consolidado como uma figura política em BH.

Antes disso, houve eleições com candidatos de esquerda ou centro contra candidatos de direita. Em 1988, o tucano Pimenta da Veiga venceu o petista Virgílio Guimarães em Belo Horizonte. Em 1992, Patrus Ananias (PT) venceu o liberal Maurício Campos. Em 1996, Célio de Castro (PSB) ganhou a eleição contra o tucano Amílcar Martins Filho.

Em 2000, Célio foi reeleito num embate contra João Leite, que perdeu, novamente, em 2004, para Fernando Pimentel. Em 2008, Marcio Lacerda foi eleito, no PSB – e reeleito em 2012. Para o cientista político Christopher Mendonça, a disputa está propensa a ocorrer entre dois candidatos de direita, mas não dá para saber quais.

“A eleição deste ano é bem peculiar. Estamos em um patamar de alta polarização, fruto da eleição nacional”, avalia.