TRADIÇÃO
Centenária e com pouco apelo popular, Copa América começa nesta quinta nos EUA
Torneio é mais uma tentativa norte-americana de popularizar o esporte no país
Cento e oito anos depois de sua criação, a Copa América segue vivíssima e retorna agora aos Estados Unidos, sede da 48ª edição do torneio de seleções mais antigo da história do futebol. O pontapé inicial será dado por Argentina e Canadá, que se enfrentam nesta quinta-feira (19), às 21h, em Atlanta. Já o Brasil faz sua estreia na próxima segunda (24), contra a Costa Rica, em Los Angeles.
Neste ano, a competição, que será realizada pela segunda vez nos EUA, está mais inchada do que nunca. São 16 seleções – igualando o recorde de participantes de 2016 – espalhadas por 14 sedes, outro recorde absoluto. Ou seja, praticamente uma sede para cada país.
A Copa América será o primeiro dos grandes eventos de futebol que acontecerão nos EUA nos próximos anos. Além dela, o país receberá ainda o Mundial de Clubes da Fifa em seu novo formato, em 2025, e a Copa do Mundo de 2026, que será organizada em conjunto com Canadá e México.
Os EUA, que também vão sediar os Jogos Olímpicos de Los Angeles em 2028, encaram um período decisivo em sua estratégia de consolidar o ‘soccer’ masculino, já que tanto a liga como a seleção femininas são referência em nível mundial há vários anos.
A Fifa também aposta nesta consolidação. Há dois anos, o presidente da entidade, Gianni Infantino previu, durante visita a Nova Iorque, que “em 2026, o futebol será o esporte número um neste país”. Será?
Atual campeã da Copa América, da Copa do Mundo e líder isolada das eliminatórias sul-americanas, a Argentina é, inegavelmente, a principal favorita ao título. O Brasil, que passa por uma renovação após a chegada do técnico Dorival Júnior, corre por fora, mas nunca pode ser descartado. Uruguai e Colômbia também merecem ser observados com atenção.
Pouco interesse
Diferentemente do que acontece com a Eurocopa, que começou na semana passada e é tratada por torcedores e seleções europeias como uma ‘segunda Copa do Mundo’, a Copa América nem de longe desperta o mesmo interesse pelas bandas de cá. Na avaliação do comentarista Lélio Gustavo, a explicação para a indiferença é simples: a falta de qualidade do torneio sul-americano.
“A Copa América não cai nas graças do torcedor porque é uma competição tecnicamente fraca. O torcedor brasileiro já espera pelo final do roteiro. E qual é o final do roteiro? É o Brasil e a Argentina decidindo o título. Ou ali, talvez, estranhamente tendo até um Uruguai para disputar o título da competição”, opinou. “Outra coisa que acaba prejudicando muito é o tempo de disputa das eliminatórias sul-americanas. Você joga contra todas elas (seleções) durante três anos. Aí o torcedor não quer ver mais do mesmo”, acrescentou Lélio Gustavo.
Já para a também comentaria Dimara Oliveira, a Conmebol poderia deixar a Copa América muito mais interessante tanto para as seleções quanto para os torcedores se oferecesse, por exemplo, uma vaga direta na Copa do Mundo ao campeão. “Precisava ter um cunho de competitividade. Ela dá o que? Ela é o que? Qual a premiação? Que tipo de situação ela pode levar? Talvez, se ela desse alguma coisa, classificar o campeão direto para a Copa do Mundo, ela pudesse ter um valor maior para o torcedor. Se não fizer isso, acho que pelo próprio nascimento dela, e pela forma com que foi tratada ao longo de todos estes anos, ela vai continuar sendo só mais uma competição”, sugeriu Dimara.