ELEIÇÕES 2024

Com cenário aberto, escolha de vice fica para última hora em Belo Horizonte

Às vésperas de convenções partidárias, só o vereador Gabriel Azevedo (MDB) tem vice definido na corrida pela prefeitura da capital

Com cenário aberto, escolha de vice fica para última hora em Belo Horizonte
Publicado em 15/07/2024 às 9:39

A uma semana do início das convenções partidárias, em 20 de julho, o posto de vice dos pré-candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte está indefinido. Usado como moeda de troca para alianças, o espaço deve permanecer vago até às vésperas do registro das pré-candidaturas, em agosto. Até o momento, apenas o presidente da Câmara, Gabriel Azevedo (MDB), tem o vice definido – o ex-vice-governador Paulo Brant (PSB). O restante dos pré-candidatos ainda espera os acordos para bater o martelo.

Líder da última pesquisa DATATEMPO, divulgada em junho (TRE MG-06115/2024), o deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos), que quer levar a pré-candidatura ao centro, estaria conversando com vários partidos. Interlocutores de Tramonte admitem que já foram procurados por dirigentes do Novo para uma possível aliança com Luísa Barreto, ex-secretária do governo Romeu Zema. Apesar do prazo curto, os auxiliares do deputado avaliam que ainda é cedo para uma definição.

A equipe do apresentador argumenta que é preciso avaliar todos os possíveis cenários de alianças entre os pré-candidatos. Inclusive, aqueles de esquerda e centro-esquerda. Uma eventual unificação entre eles poderia provocar uma aliança entre os pré-candidatos de centro e centro-direita. Enquanto isso, Tramonte estaria à procura de um pré-candidato a vice neutro, que não seja extremista, com pouca rejeição e que possa agregar, de preferência, tempo de TV à sua campanha.

Coordenador da campanha de Tramonte, Adalclever Lopes (PSD) se reuniu na última semana com interlocutores do senador e pré-candidato à prefeitura Carlos Viana (Podemos). De acordo com pessoas próximas dos dois, a intenção seria convencer um ou outro a ceder e apoiar o adversário. Questionados, Tramonte e Viana negam. O presidente do Republicanos na capital, Gilberto Abramo, reconhece que o partido está “aberto ao diálogo”.

Do lado de Viana, interlocutores afirmam que, hoje, o foco da pré-campanha é atrair para vice o ex-deputado estadual e pré-candidato do PSDB, João Leite. A prioridade é conversar com o ex-parlamentar na próxima semana para atraí-lo a uma chapa formada só por evangélicos. João Leite faz parte da Igreja Batista de Contagem, e Viana, da Igreja Batista da Lagoinha e da Getsêmani. As demais conversas estariam em “stand-by”, como a articulação do secretário da Casa Civil de Zema, Marcelo Aro, de levar Luísa Barreto para ser vice do pré-candidato do Podemos.

Interlocutores do PSDB reconhecem que não se pode desconsiderar eventuais alianças. “Política é a arte de conversar”, diz um deles. Procurado, o presidente estadual do partido, Paulo Abi-Ackel, desconversa. “Há uma vontade generalizada de ver o João Leite na disputa. As pesquisas o têm mostrado como o candidato viável e confortável dos extremos”, defende o deputado federal. Ele ainda afirma que a pré-candidatura do ex-deputado tem o aval do Cidadania, com o qual o PSDB está federado, e que os tucanos já estão em busca de coordenadores e publicitários. 

Não é só Viana que quer o PSDB. Uma ala ligada ao prefeito de BH e pré-candidato à reeleição, Fuad Noman (PSD), que já foi tucano, gostaria de ter João Leite como vice. Por outro lado, a expectativa é que o posto seja ocupado por um nome indicado pelo União Brasil e que tenha o aval do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), que tem forte influência sobre o União. Interlocutores de Fuad querem uma mulher como vice, mas, até agora, nenhuma despontou como favorita. Procurado, o presidente estadual do PSD, Cássio Soares, garante que ainda não há definição da vice.

Esquerda espera por Duda Salabert para definir nome

Se os pré-candidatos de centro-direita e direita ainda negociam possíveis alianças, parte das pré-candidaturas de centro-esquerda e esquerda já se alinhou ao deputado federal Rogério Correia (PT). Nas últimas semanas, as deputadas estaduais Ana Paula Siqueira (Rede) e Bella Gonçalves (PSOL) retiraram as pré-candidaturas para apoiar Correia. Agora, o PT sonha em atrair a deputada federal Duda Salabert (PDT), que bate o pé e garante que será candidata.

Segundo Rogério Correia, a decisão de quem será o pré-candidato a vice depende ainda do apoio, ou não, de Duda. Interlocutores petistas reforçam que há uma articulação nacional entre PT e PDT para que a deputada se una a Correia. As negociações envolveriam outras capitais.

Entretanto, os próprios auxiliares do PT reconhecem que existe uma queda de braço entre os deputados federais. Há petistas que defendem que, assim como Bella, que abriu mão da cabeça de chapa, Duda também poderia desistir se recebesse um afago do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Bella, por exemplo, se encontrou diretamente com Lula em Brasília.

“Temos até o dia 5 de agosto para registrar a chapa. Está aberto, sim (o posto de vice), para que a Duda possa compor conosco. A depender dela”, disse Correia.

Duda, por sua vez, trata a possibilidade de alianças como boatos e reforça sua pré-candidatura. A expectativa, nesta semana, é que a chapa encabeçada pela deputada federal seja puro-sangue. Se não houver uma aliança, o candidato a vice-prefeito pode ser o presidente estadual do PDT, Mário Heringer. O nome já até teria sido aprovado por Carlos Lupi, presidente nacional licenciado do partido. 

Procurado, Heringer reiterou que Duda só não será candidata à Prefeitura de BH se não quiser. “A não ser que haja uma decisão pessoal dela. Se ela desistir, a decisão de quem o PDT vai apoiar vai ser tomada por mim, por Lupi e pela Duda”, concluiu.

Com a indefinição, a expectativa de membros do PT é que um nome do PSOL ocupe a vaga de vice, caso Duda não se junte à campanha. Esse nome não seria o de Bella. A parlamentar será a coordenadora de campanha de Correia.

Vice de Bruno Engler deve ser indicado pelo PP

A expectativa é que o Progressistas indique o vice na chapa do deputado estadual Bruno Engler (PL), autointitulado o “único candidato da direita” na disputa pela PBH. O parlamentar, porém, afirma que segue na expectativa de que o governador Romeu Zema (Novo) possa apoiar sua pré-candidatura.

Nos bastidores, no entanto, essa possibilidade é dada como remota, pelo menos no primeiro turno das eleições. Um dos motivos seria o posicionamento extremista do deputado, que já se colocou contra o governo várias vezes na Assembleia. Apesar de o Novo ter lançado Luísa Barreto na disputa, Zema já admitiu que a legenda busca alianças com outras siglas. 

A princípio, o ex-deputado federal Lucas Gonzalez (Novo) era cotado para ser o vice de Luísa Barreto, mas, conforme apurou a reportagem, ele não deve seguir na chapa. Procurados, a pré-candidata do Novo e o presidente do partido em Minas, Christopher Laguna, não se manifestaram. 

Dança das cadeiras

Historicamente na capital, o cargo de vice-prefeito costuma desenhar um caminho de sucesso na política da cidade, com vários deles se tornando prefeitos e até governadores.Veja quais vice-prefeitos já assumiram a Prefeitura de Belo Horizonte desde a democratização 

– Eduardo Azeredo (PSDB)
Substituiu Pimenta da Veiga, que em 1990 renunciou ao cargo na prefeitura da capital para disputar o governo de Minas. Azeredo, eleito como vice na chapa, ficou dois anos e nove meses a frente do Executivo municipal

– Célio de Castro (11/7/1932 – 20/7/2008)
Foi eleito vice-prefeito, em 1992, na chapa encabeçada por Patrus Ananias (PT). Foi um vice atuante acumulando também como secretário de Desenvolvimento Social. Em 1996, Castro foi eleito para substituir Patrus (ainda não havia possibilidade de reeleição) e reeleito para o segundo mandato em 2000

– Fernando Pimentel (PT) 
Eleito como vice-prefeito na chapa de Célio de Castro em 2000, o petista assumiu interinamente o cargo de prefeito em 2001 após Célio se licenciar do mandato por motivos de saúde. Em 2003, Pimentel assumiu em definitivo o cargo de prefeito em razão da aposentadoria do então prefeito

– Fuad Noman (PSD)
Vice de Alexandre Kalil na chapa eleita em 2020, Fuad assumiu a Prefeitura de Belo Horizonte em 2022, após o ex-presidente do Atlético renunciar o mandato e concorrer ao governo de Minas

Fonte: pesquisa direta