A abstenção representa o percentual de eleitores que não votaram nas eleições. No primeiro turno do pleito de 2024, esse percentual seguiu alto e preocupante: 21,68%. O índice ocorre mesmo com o voto obrigatório no país para pessoas alfabetizadas que tenham entre 18 e 70 anos O índice, diminuiu em comparação ao pleito de 2020, quando ficou em 23,15%. Porém, há quatro anos, o país enfrentava a pandemia de coronavírus que chegou a adiar a votação para novembro. Em 2018, o percentual foi de 17,58%.

Na prática, mais de um quinto da população abriu mão de escolher o futuro de sua cidade, o que revela o desencanto com a política como instrumento de transformação social e ainda a descrença em promessas não realizadas em favor do bem-estar social. A população manifestou seu distanciamento e desinteresse em relação à política, mesmo com a falsa sensação de participação e de envolvimento criada pelas redes sociais.

O EXEMPLO DE PORTO ALEGRE

Das 26 capitais, 14 tiveram abstenção superior à média nacional, que ficou em 21,68%. O ranking é liderado por Porto legre, cidade onde 31,51% dos eleitores optaram por não votar. A alta abstenção na capital gaúcha é registrada cinco meses após a pior enchente da história.

Foram 345.544 eleitores que não compareceram às urnas. O número é superior aos votos concedidos ao atual prefeito Sebastião Melo (MDB), que busca a reeleição e contabilizou 345.420 votos, o que representa 49,72% dos votos válidos. Ele disputará o segundo turno com Maria do Rosário (PT), que alcançou 182.553 votos (26,28%).

ABSTENÇÃO SURPREENDE EM SÃO PAULO E BH

Também em São Paulo e Belo Horizonte, a mesma tendência foi comprovada. Na capital paulista, o índice de abstenção chegou a 27,34% (2.548.857 eleitores), quase um terço dos 6.108.218 votos válidos. Ricardo Nunes (MDB) conquistou 29,48% da preferência (1.801.139 eleitores), enquanto Guilherme Boulos (PSOL) conseguiu 29,01% da votação (1.776.127 eleitores).

Em Belo Horizonte, houve o registro de fenômeno semelhante: dos 1.206.163 de votos válidos, 29,54% dos eleitores se abstiveram de votar no primeiro turno das eleições 2024, conforme informou o Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG). O percentual está acima da média nacional (21,68%). Neste ano, 588.699 deixaram de votar na capital mineira, enquanto 66.228 optaram pela opção em branco (4,72% do total) e 70.263 (5%) anularam. Bruno Englert obteve 535.853 votos (34,38%), enquanto Fuad Nomam foi preferido por 336.442 eleitores (26,54%).

Renato Ilha, jornalista (Fenaj 10.300)