A menos de dois meses para as eleições, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chega a Belo Horizonte pressionado pelo PT e pelo PSD. Enquanto os petistas querem um gesto de apoio a pré-candidatura do deputado federal Rogério Correia (PT), os pessedistas, ainda esperançosos por um apoio ao prefeito Fuad Noman (PSD), esperam que o presidente ainda não se comprometa com a candidatura de Rogério. 

A visita de Lula a Belo Horizonte nesta sexta-feira (28) teria sido incluída na agenda presidencial conforme apurou o Aparte após pressão interna de correntes do partido que defende a pré-candidatura do PT à Prefeitura de Belo Horizonte. Interlocutores do partido pressionam para que o presidente da República faça o mais cedo possível um aceno a Rogério. 

A expectativa é que uma demonstração de apoio possa impulsionar a pré-candidatura do PT. De acordo com a última pesquisa DATATEMPO (TRE MG-06115/2024), por exemplo, quase 22% dos eleitores que votaram em Lula no segundo turno em 2022 tem a intenção de votar no pré-candidato e deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos). Apenas 13,2% votariam em Rogério. 

Até agora, apesar de elogiar o pré-candidato do PT em entrevistas, Lula ainda não fez um aceno público a ele, diferentemente do que ocorreu em outras capitais, como São Paulo. Na última semana, o Tribunal Regional do Estado paulista  multou Lula e o deputado federal, Guilherme Boulos (PSOL), pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, por propaganda eleitoral antecipada em um ato no último dia 1° de maio ao pedir votos para psolista. 

Pressão. Embora o desejo de alguns petistas seja de que o apoio de Lula a Rogério aconteça o quanto antes, o presidente também estaria sofrendo pressão de parte do PSD para que ele não faça qualquer sinalização a Rogério por enquanto. O entendimento é que um apoio aberto de Lula ao deputado federal possa desidratar o crescimento de Fuad nas pesquisas de intenção de voto. 

Como o desempenho de Fuad pesaria em negociações por um eventual acordo entre PT e  PSD tanto no primeiro quanto no segundo turno, o poder de barganha dos petistas poderia aumentar a depender da performance do prefeito. Um mau desempenho de Fuad, por exemplo, poderia mudar os termos de negociação e, ainda, pesar para alianças visando as eleições de 2026.  

Apesar das pressões, Lula já sinalizou a interlocutores que não deve interferir na escolha do PT e irá apoiar Rogério ainda no primeiro turno das eleições municipais. Entretanto, na visita desta sexta, a expectativa é que o presidente continue adotando um tom institucional na agenda na capital. O governador Romeu Zema (Novo) foi convidado, mas na agenda oficial do governo a expectativa é que Zema esteja no Norte de Minas. Até a noite desta terça, não havia previsão de um encontro entre Fuad e Lula. 

A três dias da agenda de Lula em BH, o prefeito fez um evento para anunciar o início de obras no antigo aeroporto Carlos Prates, na região Noroeste, área doada pelo governo federal ao município. Na primeira visita de Lula ao Estado neste mandato, em fevereiro, o termo de cessão foi assinado em um evento que contou tanto com o presidente quanto com Fuad. 

Ao contrário de Belo Horizonte, onde Lula deve anunciar investimentos para todo o Estado, a visita do petista a Contagem, na região metropolitana, e em Juiz de Fora, na Zona da Mata, tem como objetivo principal, segundo interlocutores, alavancar as pré-candidaturas do partido nas principais cidades em que o PT tem chance de ganhar à reeleição. Os municípios são os dois maiores administrados pela legenda no Estado. 

Procurado, o deputado federal Rogério Correia negou que tenha tido qualquer pressão por parte do partido para que Lula visitasse BH. Segundo ele, a agenda na capital será para que o presidente anuncie investimentos em cidades que ele não conseguiu visitar.