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Lula e Bolsonaro puxam votos, mas seus aliados ainda não decolaram
Eleitores citam o atual e o ex-presidente como os maiores cabos eleitorais em Belo Horizonte
O ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) e o atual chefe do Poder Executivo federal, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), são os políticos com maior potencial de influenciar o voto do belo-horizontino nas eleições municipais, conforme a pesquisa DATATEMPO. Mas, apesar disso, os pré-candidatos apoiados por esses dois figurões da política nacional ainda não decolaram na disputa pela prefeitura da capital mineira e nenhum deles ocupa a primeira posição na lista estimulada de intenções de voto.
Segundo o levantamento, 25,9% dos entrevistados consideram que a indicação de Bolsonaro pode ajudá-los a escolher o candidato a prefeito de Belo Horizonte. Outros 25,3% apontam Lula como o político com maior capacidade de influir na escolha do futuro chefe da administração municipal. Quando considerada a margem de erro – de 2,83 pontos percentuais para mais ou para menos, eles estão tecnicamente empatados no topo do ranking de cabos eleitorais com maior possibilidade de influenciar o resultado nas urnas.
Apesar do potencial do atual e do ex-presidente da República como puxadores de votos, os pré-candidatos do PL e do PT em Belo Horizonte ainda enfrentam dificuldade para decolar na disputa, conforme revela a pesquisa estimulada de intenção de voto.
O levantamento mostrou que, se as eleições fossem hoje, o deputado estadual Bruno Engler (PL), apoiado por Bolsonaro, teria 10,1% dos votos – 12,7 pontos percentuais a menos que o primeiro colocado, Mauro Tramonte (Republicanos), que teria 22,8%.
Embora apareça numericamente na segunda colocação em uma lista com 11 nomes, Engler está tecnicamente empatado com outros cinco pré-candidatos à PBH, considerando a margem de erro. Entre eles está o deputado federal Rogério Correia (PT), apoiado por Lula, seu correligionário. Segundo a DATATEMPO, numericamente, o parlamentar ocupa a sétima posição na pesquisa de intenções de voto (6,2%).
Para a cientista social Bruna Assis, analista de pesquisas do instituto DATATEMPO, o poder de influência de Lula e Bolsonaro ainda é reflexo da polarização entre os líderes da esquerda e direita durante as eleições presidenciais de 2022. Contudo, segundo a especialista, os eleitores ainda têm dificuldade de atrelar a imagem dos pré-candidatos à de seus respectivos padrinhos políticos devido ao índice de desconhecimento de ambos os concorrentes à prefeitura.
“Engler e Correia ainda são desconhecidos por cerca de um terço do eleitorado (42,9% e 32,6%, respectivamente, segundo a DATATEMPO). Isso dificulta a identificação deles como representantes dos interesses de Bolsonaro e Lula e, consequentemente, a captura dos votos desses apoiadores”, avalia.
Bruna pondera que, em eleições municipais, a escolha do eleitorado tende a ser mais pautada por demandas locais, como a qualidade dos serviços públicos que impactam diretamente a vida cotidiana. “Nesse sentido, apesar de reconhecerem a importância do apoio político, uma parcela do eleitorado tende a atribuir maior relevância às questões locais, o que pode desmobilizar a base de votos estritamente ligada a esse apoio político”, conclui a analista de pesquisas.
Polarização
O resultado sobre a influência dos apoiadores políticos nas eleições de BH segue tendência observada na rodada anterior da DATATEMPO, divulgada em abril deste ano (TR E MG-02336/2024). No primeiro levantamento deste ano, Bolsonaro e Lula também apareciam tecnicamente empatados, com 26,9% e 24,8%, respectivamente. Quando comparados aos resultados da nova pesquisa, os índices oscilaram apenas na margem de erro (2,83 pontos para mais ou para menos).
Metodologia
A pesquisa DATATEMPO foi contratada pela Sempre Editora. Foram realizadas 1.200 entrevistas domiciliares, de 31 de maio a 3 de junho de 2024. A margem de erro é de 2,83 pontos percentuais, e o nível de confiança é de 95%. O registro da pesquisa junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) é MG-06115/2024.