CONTAGEM E BH
Lula volta a Minas nesta quinta-feira e ficará cara a cara com a militância
Esta será a primeira visita do presidente a Minas, em sua atual administração, que contará com a realização de atos ao ar livre
O presidente Lula desembarca esta semana em Minas Gerais para, enfim, se encontrar com a militância no Estado. Um ano e seis meses após tomar posse no seu terceiro mandato, esta será a primeira visita do presidente a Minas, em sua atual administração, que contará com a realização de atos ao ar livre e a presença de admiradores, representantes de movimentos sociais, sindicatos e organizações não-governamentais.
A pré-agenda do presidente no Estado inclui visitas às cidades de Contagem, na Grande Belo Horizonte, na quinta-feira (27/06) e Juiz de Fora, na Zona da Mata, na sexta-feira (28/06). Ambas são governadas por mulheres petistas. Os municípios são, respectivamente, o terceiro e quarto maiores eleitorados do Estado. Em Contagem, governa Marília Campos. Em Juiz de Fora, Margarida Salomão.
A pouco mais de três meses das eleições municipais – tanto Marília como Margarida são candidatas à reeleição -, a decisão de Lula na passagem pelas duas cidades é mostrar obras de infraestrutura que contam com recursos federais. Em Contagem, com previsão de palco e discurso, Lula vai visitar a construção de via que ligará o bairro Praia até a Avenida João César Oliveira, uma das principais da cidade.
A obra é anunciada pela prefeitura como uma das principais intervenções viárias do município, por retirar do centro histórico de Contagem ao menos parte do fluxo de veículos. A previsão é que a via, de aproximadamente 4,5 quilômetros, fique pronta em 2025.
Aparando arestas
A visita de Lula a Contagem, no entanto, terá também caráter “político-curativo”. A prefeita Marília, em seus círculos mais próximos, se queixa do comportamento do governo federal em relação à cidade que governa. Além de ser o terceiro maior colégio eleitoral de Minas Gerais, com 452 mil votos, Contagem é a maior cidade governada pelo PT no país.
A prefeita, a correligionários próximos, tem dito que, diante da importância da cidade, deveria contar com presença mais constante ao menos de ministros. A reclamação envolve ainda o tratamento que recebe em Brasília durante suas viagens para tratar de investimentos e programas sociais para a cidade. Muitas vezes, Marília é recebida nas pastas por ocupantes de cargos com baixa autonomia para tomada de decisões.
Em Juiz de Fora, a obra a ser mostrada pelo presidente, também com direito a palco e discurso, será o viaduto Roza Cabinda, que tem previsão de ser inaugurado na presença do presidente. O viaduto vai facilitar a ligação entre a região leste e o centro.
Na cidade, Lula deverá atuar ainda como bombeiro. O entorno da prefeita Margarida Salomão ainda se ressente do PT. O motivo tem a ver com as eleições de 2012 e 2016, quando Margarida Salomão foi derrotada na disputa pelo governo municipal. A avaliação do círculo próximo da prefeita é que o partido não se envolveu nas campanhas como deveria.
Existe ainda a possibilidade de Lula passar por Belo Horizonte durante a visita de dois dias a Minas. Os compromissos do presidente da cidade, porém, ainda não foram confirmados.
Nas três últimas vezes em que esteve no Estado, Lula participou apenas de atos em ambientes fechados com presença reduzida de correligionários. Em fevereiro, o presidente esteve em Belo Horizonte para anúncio de investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A cerimônia aconteceu no Minascentro com pequeno número de convidados na plateia, entre os quais parlamentares do PT e legendas aliadas.
O presidente voltou ao Estado em março, para inauguração de planta de fertilizantes no Triângulo Mineiro. Além de autoridades, a maior parte dos presentes era formada por funcionários da empresa.
Nova visita ocorreu em abril para inauguração de outra fábrica, desta vez, de insulina. A planta pertence ao empresário Walfrido dos Mares Guia, ministro das Relações Institucionais no segundo mandato de Lula como presidente, e do Turismo na primeira vez em que o atual chefe do Poder Executivo nacional governou o país.
A indústria fica em Nova Lima, na região metropolitana. Também neste caso não houve a presença da militância. Além disso, deputados do partido e de legendas aliadas chegaram a ser retirados de área reservada para autoridades. Após a cerimônia, o Palácio do Planalto pediu desculpas pelo ocorrido.