VOLTA ÀS AULAS

Material escolar: papelarias em BH e região esperam ‘turbinar’ vendas em até 100%

Setor estima um aumento de até 9% nos preços dos produtos em todo o Brasil, e pais buscam alternativas para driblar reajustes

Material escolar: papelarias em BH e região esperam ‘turbinar’ vendas em até 100%
Publicado em 08/01/2025 às 6:47

Papelarias de Belo Horizonte e região metropolitana estão otimistas com o movimento de janeiro por conta das buscas por material escolar – clássicas para esta época. A expectativa é que as vendas nesse período cresçam até 100% em relação ao restante do ano e até 30% em relação ao mesmo período do ano passado.

Essa é, inclusive, a expectativa da Kidverte, no Centro de BH, que espera o dobro do movimento nessa temporada de volta às aulas, em relação ao período de “baixa temporada”. De acordo com o proprietário da loja, Cristiano Consentino, a meta é crescer 30% em relação ao ano passado.

Por lá, a volta às aulas é pensada durante todo o ano, o que permite trabalhar melhor os preços dos produtos. “Nossas compras começam em março e, por isso, a gente consegue segurar preço. Só na reposição, principalmente quando o produto é dolarizado, é que tem reajuste e acaba afetando o preço final”, conta.

Cristiano conta que, dentro da própria loja, há variedade de produtos com preços distintos, para atender à necessidade de cada público. “Um caderno sem adesivo, por exemplo, custa um terço do preço do caderno com adesivo. Então nosso vendedor mostra as opções para o cliente escolher qual encaixa no orçamento”, comenta.

Na Papelaria Mem de Sá, no Santa Efigênia, a expectativa é que o movimento nessa época impulsione as vendas de 20% a 30% em relação ao restante do ano. Renato Lima, proprietário da loja, conta que tem uma clientela já consolidada no bairro e que olha com cuidado as listas de material deixadas pelos clientes para que ele possa oferecer o melhor preço. “Com essas listas, eu já vou tendo noção do que as escolas estão pedindo, e sempre tem uma novidade, um papel específico, que eu vou atrás”, afirma.

“A gente tem um movimento de bairro já consolidado. Eu até pensei em colocar algum tipo de promoção, faixa na porta da loja, para atrair mais gente, só que eu prefiro ter uma quantidade menor de clientes, mas que eu possa atender melhor e com qualidade”, diz.

Renato conta que sempre busca oferecer itens que estão em alta no mercado e que têm alta demanda. “Depende da idade, no maternal, por exemplo, o que faz sucesso é sempre giz de cera, big giz, massinha de modelar. Inclusive, essa massinha eu já vi que tem novas cores, então estou indo atrás”, comenta.

Já a Lucri Papelaria, no Barro Preto, estima um aumento de 70% nas vendas em relação ao restante do ano. De acordo com a gerente da loja, Márcia Rocha, a expectativa de crescimento em relação a 2024 é de até 10%. Ela conta que, neste ano, a chamada “papelaria fofa” é um dos atrativos da loja. “No nosso Instagram, a gente usa muitos itens de papelaria fofa para atrair os clientes. É uma forma de divulgar a loja e é bom porque traz novidade para o mercado, sai da mesmice”, diz.

Além disso, produtos pedagógicos voltados para crianças autistas também têm ganhado destaque. “Tivemos lançamento de diversos produtos pedagógicos pensados para autistas, então a gente quer abranger esse público também”, diz. 

Na papelaria Milcopy, em Contagem, na Grande BH, a expectativa é que o movimento cresça até 20% em relação ao restante do ano, e que as vendas sejam maiores em 2025, em relação a 2024. “O fluxo de pessoas está bem maior que no ano passado”, comenta a gerente Juliana Aires Romão.

Juliana conta que, por lá, itens personalizados têm feito sucesso, como o lápis infinito, que tem tido boa saída. Além disso, a loja oferece, em alguns produtos, preço melhor na compra em grande volume, como é o caso das caixas fechadas de cadernos, por exemplo. 

Tamires tem um filho de 8 anos e faz pesquisas para economizar na compra de material escolar

Material escolar está mais caro

De acordo com a Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (ABFIAE), o material escolar deve ter alta de até 9% neste ano, considerando reajuste pela inflação e alta do dólar. A moradora de Contagem Tamires Amaral, de 37 anos, é mãe de um menino de 8 anos e já percebeu uma boa diferença de preços em alguns itens. “Achei por 18 reais um caderno que no ano passado era 15 reais”, afirma.

Ela conta que participa de um grupo de mães em que muitas aproveitam para compartilhar os melhores preços dos itens da lista de material escolar. O caderno em questão é um dos produtos que a própria Tamires compartilhou no grupo e achou uma saída para pagar mais barato: comprar a caixa fechada – que tem desconto de 10% –  para compartilhar com outras mães e escolher a marca concorrente, bem mais em conta.

A mãe conta que a lista de material do filho, que está indo para o terceiro ano do ensino fundamental, deve chegar ao montante de R$ 1.500, contando com a mochila. “Todo ano tem que comprar mochila porque, como são muitos livros e cadernos, elas não suportam o peso e rasgam. Ano passado eu comprei uma mochila por R$ 250, ela durou até o meio do ano. Depois tive que comprar outra. Tem mãe que gasta R$ 800 em uma de material melhor pra ver se dura pelo menos até o fim do ano”, afirma. “E eu estou falando de meninos que descem na porta da escola de carro e saem de carro também. Mesmo assim, as mochilas não aguentam”.

Além do material, Tamires ainda precisa desembolsar R$ 2.000 para adquirir os livros da escola, que é particular e tem mensalidade de R$ 740.  “Antigamente, a gente aproveitava os livros de crianças mais velhas. Mas hoje em dia não tem isso mais. Os meninos fazem a atividade no próprio livro. Mesmo que escrevesse de lápis, a professora dá visto com carimbo. Então não tem saída, tem que comprar”, lamenta.

Como economizar na hora de comprar material escolar?

Para driblar o alto custo das listas de material escolar, o professor do curso de Ciências Contábeis da Estácio, Haroldo Andrade Junior, separou algumas dicas. Confira:

Reaproveite itens

“Vale a pena reaproveitar certos itens do ano anterior, que sejam excedentes ou estejam em bom estado de conservação, como lapiseira, lápis de cor, apontador, cadernos, borracha, corretivo, cola, régua, esquadros, compasso e caneta, evitando o desperdício”, orienta.

Para quem tem filhos com idades diferentes matriculados na mesma escola, Haroldo Andrade Junior lembra que é possível fazer um rodízio de materiais e livros didáticos, ou fazer o mesmo com os filhos de amigos e familiares. “Proponha aos pais de alunos mais velhos que estudam na mesma escola que os seus filhos a fazer uma troca de livros e uniformes, estimulando o consumo consciente”, explica.  

Faça orçamentos e compare preços

“Compare os orçamentos e condições de pagamento das lojas. Se for pagar à vista, peça desconto. Outra alternativa é fazer compras coletivas com os pais dos colegas dos filhos para adquirir os itens no atacado, garantindo preços melhores”, sugere. 

Tenha atenção nas compras online

Em relação a compras online, é importante ter atenção ao prazo de entrega para não correr o risco de as aulas começarem sem que o material tenha sido entregue, conforme alerta Haroldo. “Também é indispensável checar a reputação do site e se há registro de reclamações de consumidores”. 

Não se apegue a personagens

“Busque produtos semelhantes àqueles considerados “de marca”, que tenham a mesma qualidade, porém preço mais vantajoso. Explique ao seu filho sobre os materiais que cabem no orçamento, isso estimula nele o senso de responsabilidade para preservar todo o material ao longo do ano”, propõe. 

Saiba o que não deve ter nas listas

Vale lembrar que algumas listas de material escolar, especialmente as infantis, podem vir com itens que não são de responsabilidade dos pais, como papel higiênico, detergente, álcool, copos e talheres descartáveis, pastas e tinta para impressora. “A lei federal 12.886/2013 proíbe que sejam solicitados na lista artigos de uso coletivo, de higiene e limpeza, bem como a cobrança de taxa adicional para a compra desses”, informa o professor.